Trifoliata
Nome científico:
Poncirus trifoliata
Origem:
China
Última atualização:
Julho 2005
O Trifoliata é uma planta cítrica com características marcantes
quando comparada às demais. A principal delas é possuir a lâmina
foliar dividida em 3 partes que imitam pequenas folhas. São na
verdade folíolos de uma única folha, o que é reconhecido em seu
nome científico, que também é utilizado como nome popular no
ocidente: Trifoliata. Originário da China, há registros de sua
utilização como porta-enxerto cítrico já no início do primeiro
milênio naquele país. São plantas que, ao contrário dos cítricos
comerciais, entram em dormência após períodos contínuos de
baixas temperaturas, perdem as folhas e assim, são mais
resistentes ao frio. Seu habitat, portanto, extende-se por
latitudes um pouco mais distantes do equador do que as laranjas,
os limões e as tangerinas.
Como
porta-enxertos, os trifoliatas geralmente induzem plantas com
crescimento mais lento. Os ciclos vegetativos são mais
definidos, as copas entrando em repouso mais rapidamente no
final do outono e retomando o crescimento mais lentamente no
final do inverno. O tamanho final das plantas pode ser normal e
até superar aquele induzido por porta-enxertos mais vigorosos.
Há inúmeros variantes de trifoliata, entretanto, que de fato
induzem tamanhos menores de copa. Aquele conhecido como Flying
Dragon, por exemplo, é considerado ananicante, reduzindo o porte
das copas para 50% ou menos do tamanho normal. Assim, em
função do crescimento lento e da existência de variantes menos
vigorosos, os trifoliatas são de um modo geral
considerados redutores de porte de plantas. Os espaçamentos de
plantio, portanto, são menores para estes porta-enxertos.
Plantas enxertadas em
trifoliata são consideravelmente susceptíveis à seca. Seu
cultivo internacional ocorre via de regra com irrigação
complementar. No Brasil, entretanto, há regiões como no sul do
país, e pomares individuais em outras regiões que utilizam este
porta-enxerto sem irrigação com resultados satisfatórios. A
susceptibilidade à seca pode ser favorável por evitar brotações
contínuas que atraem mais pragas e são mais sujeitas a geadas, e
por induzir safras mais tardias, alem de contribuir para a
redução do tamanho da copa a níveis de manejo e colheita mais
fáceis. A produtividade de plantas
em trifoliata é proporcional ao seu tamanho. Assim, é preciso
aumentar a densidade de plantio para se obter altas produções
por área. Obtém-se desta forma boas produtividades com plantas
de manejo e colheita mais fáceis. Em anos de stress hídrico ou
em solos muito arenosos pode haver oscilações na produção.
Plantas em trifoliata entram em produção a partir de 2 ou 3 anos
no pomar, com produções comerciais a partir dos 4 anos de idade,
muito semelhante àquelas em porta-enxertos mais vigorosos.
A
qualidade da fruta é excelente em plantas sobre Trifoliata. Os
níveis de açucar são altos e isto, combinado com a acidez
levemente acentuada, proporciona ótimo sabor às frutas. A
produção de açúcar por fruta ou por caixa de frutas colhidas é
maior do que a dos porta-enxertos mais vigorosos. O tamanho das
frutas pode ser um pouco menor em anos de grandes safras,
causando problemas para certas variedades para consumo in natura
que possuem frutos pequenos, como a laranja Natal. A casca dos
frutos é geralmente mais lisa e os frutos mantém-se firmes por
várias semanas após a maturidade.
A
laranja Pera não é compatível com o trifoliata e não deve ser
enxertada neste porta-enxerto. Há ainda outras variedades
incompatíveis com o trifoliata, como a Murcote, por exemplo.
Assim, o seu uso deve ser analisado para cada variedade de
acordo com a experiência local. Não há problemas com seu uso
para Valência, Hamlin, Natal, Folha Murcha, Westin, Rubi,
Americana, Ponkan, Bahia, Lima ou Tahiti.
Uma
das características mais interessantes dos trifoliatas é sua
resistência à Gomose dos citros, que causa podridão das raízes e
do tronco. Isto torna estes porta-enxertos viáveis em solos mais
pesados e úmidos. Assim, costuma-se dizer que são porta-enxertos
para baixadas ou várzeas. Na verdade eles não são tolerantes
à água acumulada no solo nestas áreas, da mesma forma que outros
porta-enxertos. Em caso de inundação ou água livre no solo a
tolerância é de apenas alguns dias. Após a drenagem natural do
terreno sua sobrevivência é muito maior em função da sua
resistência à podridão de raízes. É também resistente ao
nematóide dos citros. Além disso, é resistente à Tristeza e à
Morte Súbita. É, no entanto, muito susceptível ao Exocortis e
mediana a altamente susceptível ao Declínio. O Exocortis é
facilmente evitado utilizando-se mudas sadias, uma vez que não
há transmissão significativa no campo. Quanto ao Declínio, áreas
com alta incidência desta doença devem ser evitadas.
Os
Trifoliatas são muito utilizados em cruzamentos genéticos para
obtenção de novas variedades de porta-enxertos. Isto ocorre pela
sua resistência a Gomose, Nematóides e pelo fato de sua
característica marcante, as folhas com três folíolos, se
expressar predominantemente nos híbridos obtidos, o que facilita
sobremaneira sua identificação.
Trifoliatas e alguns de seus híbridos como o citrumelo Swingle,
e os citranges Carrizo e Troyer, são os porta-enxertos hoje mais
utilizados mundialmente. Seus concorrentes, a laranja Azeda, o
limão Cravo e o limão Rugoso estão em decadência em função da
susceptibilidade a doenças. São conhecidos inúmeros variantes de
trifoliatas nas diversas regiões citrícolas. Estes variantes
podem ser agrupados em dois tipos, os de flores grandes e os de
flores pequenas. Os primeiros tem crescimento mais vertical, com
menos galhos laterais, e são mais vigorosos. Variantes de ambos
os grupos são utilizados comercialmente. Um variante em especial
destaca-se por induzir plantas de porte anão. Trata-se do Flying
Dragon, aparentemente selecionado pelos japoneses. Seus
numerosos espinhos curvos e brotações tortuosas são muito
característicos. Tem sido utilizado de forma crescente no Brasil
na produção de lima ácida Tahiti.
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