Citrumelo Swingle
Nome científico:
Citrus paradisi X Poncirus trifoliata
Origem:
Florida, Estados Unidos
Outros nomes:
Citrumelo 4475
Última atualização:
Julho de 2005
O citrumelo Swingle é um híbrido obtido na Florida em 1907 pelo
cientista W. T. Swingle, que polinizou flores de pomelo 'Duncan'
(Citrus paradisi) com pólen de flores de trifoliata (Poncirus
trifoliata). O objetivo inicial era transferir a resistência a
geadas dos trifoliatas para os pomelos, muito suscetíveis ao
frio na Florida. Sua denominação inicial era CPB 4475 e sua
fruta não apresentou qualquer qualidade para consumo
humano. Nos anos 40, entretanto, este citrumelo começou a ser
testado como porta-enxerto para variedades comerciais de citros.
Pouco depois, ele foi introduzido no Brasil juntamente com
muitas outras variedades cítricas num programa de seleção de
porta-enxertos resistentes à Tristeza, doença que havia dizimado
nossa citricultura na época. Desde então, o citrumelo CPB 4475
despontou em diversos experimentos em praticamente todas as
regiões citrícolas mundiais como um ótimo porta-enxerto
alternativo para o uso de trifoliata e seus híbridos citranges
Carrizo e Troyer, muito comuns fora do Brasil. Recebeu assim o
nome de Swingle, em homenagem ao seu criador.
A principal característica de Swingle é substituir com vantagens
os porta-enxertos de trifoliata, e citranges Carrizo e Troyer.
Sua resistência à Gomose (Phytophthora spp), ao Nematóide dos
Citros (Tylenchulus semipenetrans), e ao frio é igual ou
superior à dos porta-enxertos substituídos. Além disso, tem
mostrado até o momento uma tolerância superior ao Declínio dos
citros. A qualidade das laranjas (Citrus sinensis) produzidas em
Swingle é ótima, com altos índices de açucares, sabor excelente
para o consumo como fruta fresca, e alto rendimento industrial
na extração de suco. Em anos de alta produtividade, laranjeiras
em Swingle exigem adubações mais pesadas de potássio para
alcançar frutos com tamanhos similares aos dos produzidos em
limão Cravo.
O crescimento das laranjeiras enxertadas em Swingle é mais
vigoroso do que o daquelas enxertadas em trifoliata e similar ao
das enxertadas nos citranges. É menor, no entanto, do que o das
plantas em porta-enxertos de limão Cravo ou tangerina Cleópatra,
o que propicia custos menores de pulverização e de outros tratos
culturais. Como sobrevivem melhor a diversas doenças
importantes, plantas em Swingle acabam se desenvolvendo em
árvores de grande porte. Mesmo assim, são plantadas em
espaçamentos menores do que aquelas sobre os porta-enxertos
vigorosos, resultando numa densidade maior de plantas , e numa
boa produção por hectare plantado. Com o tempo, entretanto,
tomam todo o espaçamento a elas oferecido, sendo muito provável
a necessidade de podas nas ruas de plantio para permitir a
operação de máquinas. Isto no entanto, é resultado de sua
longevidade, e portanto, compensado pelo que se economiza com
replantas dentro do talhão, ou com o precoce replantio total da
área.
A
principal utilização do Swingle como porta-enxerto advém de sua
resistência a doenças, principalmente a Morte Subita dos Citros.
Locais onde a incidência de Gomose é elevada podem usualmente
ser plantados ou replantados com Swingle. É o caso de áreas com
solos que permanecem mais úmidos por períodos prolongados. Como
todos os citros, Swingle não tolera alagamentos. Sobrevive, no
entanto, a curtos períodos de inundação (alguns dias por ano) e
a solos mais úmidos da mesma forma que os trifoliatas, portanto
bem melhor que o limão Cravo ou a Cleópatra. Também é indicado
no caso de replantas ou substituição de pomares quando a
incidência de Gomose, Nematóides, ou Declínio é alta, ou na
prevenção de Morte Súbita.
Uma limitação para o uso do citrumelo Swingle é sua
incompatibilidade com diversas variedades comerciais. Já foram
documentados problemas com a laranja Pera, principal variedade
da citricultura paulista, com a Murcott (considerada um híbrido
de tangerina, Citrus reticulata) , com alguns limões
verdadeiros (Citrus limon), e com a laranja Roble (Florida, EU).
Sua utilização com estas copas, portanto, não é recomendada.
Variedades comerciais como Hamlin, Bahia, Valencia, Natal, e
Ponkan, por outro lado, tem sido propagadas em Swingle há mais
de 30 anos com sucesso. A incompatibilidade, no entanto, pode
ser contornada através do uso de um interenxerto entre a copa
desejada e o cavalo. Mudas de laranja Pera, por exemplo,
enxertadas em brotos de laranja Hamlin ou Valência previamente
enxertadas em Swingle são viáveis e produzidas comercialmente.
Plantas enxertadas em Swingle são bastante sensíveis à seca,
comportamento semelhante ao do trifoliata e seus híbridos como
porta-enxertos, e contrário ao do limão Cravo, altamente
resistente. Ocorre, entretanto, que as plantas em Swingle têm
reagido muito bem após o período de seca, recuperando
rapidamente sua vegetação e emitindo fortes floradas, com ótimo
pegamento de frutos. Por isso sua aceitação tem sido excelente,
especialmente como alternativa ao trifoliata e seus híbridos.
Obviamente, pomares irrigados são os que mais se beneficiam da
possibilidade de diversificação de porta-enxertos, transformando
o citrumelo Swingle numa ótima alternativa até mesmo para o
limão Cravo, em função da sua resistência a doenças e
longevidade.
Com
relação aos vírus, viróides e afins, pode-se afirmar que o
Swingle é resistente à Tristeza e, como descendente de
trifoliata, provavelmente susceptível ao Exocortis.
Na formação de mudas, o citrumelo Swingle apresenta maiores
dificuldades do que os porta-enxertos vigorosos como o limão
Cravo e a Cleópatra, mas bem menores, no entanto, do que as
apresentadas pelo trifoliata. Sua produção como plantas
produtoras de sementes é excelente. As sementes são
poliembriônicas e a proporção de híbridos e variações genéticas
nas sementeiras é bem menor que a do limão Cravo. As plantas
jovens de Swingle são muito sensíveis a deficiências
nutricionais, especialmente durante o período seco e frio do
ano, apresentando constantemente a morte do broto apical após um
período de crescimento rápido e vigoroso. A causa exata deste
problema, observado também em outros países, ainda não foi
definida, mas nenhum microorganismo foi isolado de tecidos
lesionados e doenças foram descartadas. Parece ser um problema
fisiológico, relacionado à incapacidade da planta em manter a
nutrição adequada do broto apical em vigoroso desenvolvimento
durante épocas frias e de menor umidade do solo, talvez por
redução nas taxas de translocação de nutrientes. Entretanto,
após a interrupção do crescimento e amadurecimento da parte
remanescente do broto apical, uma ou mais gemas laterais se
desenvolvem normalmente, com muito vigor, e o problema, em
termos práticos, não chega a afetar a produção de mudas em
Swingle. Observa-se problema semelhante em outros híbridos de
trifoliata. O próprio trifoliata apresenta constantemente uma
perda quase total de clorofila nos brotos apicais em condições
semelhantes. Ao contrário do limão Cravo, a enxertia durante o
inverno pode ser dificultada por redução no fluxo de seiva, o
que causa a casca presa na madeira do tronco, impedindo a
inserção das gemas dos enxertos. Normalmente a muda cítrica
requer um período de cerca de 30 dias a mais para ser produzida
em Swingle do que em limão Cravo.
Voltar para Porta-enxertos
|
|